Por André Storck
Muitas
igrejas nos últimos anos têm adotado um novo lema, quase que um 11º
mandamento, é o famoso: “ame a sua igreja!” Essa frase é
repetida nos cartazes, nas pregações, no louvor, durante todo o
culto, nos boletins e etc.
Já há
algum tempo tenho pensado no que de fato é amar a sua igreja.
De início
temos que resolver uma questão: quando falamos em “igreja”,
estamos nos referindo à igreja local onde vamos aos domingos,
ou à Igreja de Cristo espalhada por todos os cantos da Terra? As
primeiras são as igrejas em particular, é a igreja com “i”
minúsculo. A segunda simboliza todos os crentes eleitos que já
viveram, vivem e ainda viverão por sobre a terra, é a Igreja com
“i” maiúsculo.
A
Confissão de Fé de Westminster nos ensina que tanto a Igreja quanto
as igrejas são formadas por todos os cristãos e por seus filhos.
Assim, consequentemente, amar a igreja significa amar os irmãos da
fé. A Bíblia nos ensina que devemos amar os nossos inimigos, quanto
mais então não devemos amar os nossos irmãos.
Por isso,
no que diz respeito a esta primeira questão, a frase “ame a sua
igreja” estaria correta.
Contudo,
temos uma segunda questão: por que em nenhuma parte do Antigo
Testamento, nem nos Evangelhos, nem nas Cartas dos Apóstolos, nem em
nenhum lugar da Bíblia o Espírito Santo inspirou os apóstolos e
profetas para que registrassem essa espécie de mandamento que
alguns têm pregado hoje: “ame a sua igreja” ou, talvez na época: “ame
a sua sinagoga”?
Acredito
que há duas explicações para que essa ordem não exista.
Em
primeiro lugar, porque Deus desde as Tábuas da Lei colocou para o
seu povo um mandamento bem maior, qual seja, ame o seu próximo.
Quando eu era uma criança e minha mãe me dizia: “coma tudo” eu
sabia que deveria comer a salada, os legumes, a carne e o arroz. Eu
não precisava aguardar ordens específicas, como: “coma os
legumes”, “coma a carne” “agora coma o arroz” etc. Se devo
amar o meu próximo, é óbvio que devo amar a Igreja que é o
conjunto dos meus irmãos na fé.
Em
segundo lugar e o mais importante é que se a ordem maior de Deus é
amar o próximo como a si mesmo, não há porque ficar especificando
todos os tipos de instituições formadas por pessoas que devemos
amar, como por exemplo: “ame seu governo”, “ame a associação
do bairro”, “ame o seu sindicato” etc. Esse tipo de frase gera
confusão e deturpa o mandamento, pois aos ouvidos das pessoas parece
que a ordem é amar uma instituição humana, uma organização, uma
estrutura; sendo que o mandamento é para amar o meu próximo. (E amar o próximo pode muitas vezes resultar na necessidade de contrariar instituições).
A
confissão de fé que citamos acima também ensina que mesmo as
igrejas mais puras contêm erros, algumas contém tantos erros que
chegam ao ponto de Deus dizer que se tornaram “Sinagogas de
Satanás”. Se amar a igreja fosse um mandamento, se significasse
amar uma instituição, como poderíamos amar uma sinagoga de
Satanás?
É por
isso que me posiciono contra a frase “ame a sua igreja”, por mais
que no fundo ela possa estar correta no sentido de amar os irmãos,
ela deixa transparecer uma ideia de que devemos amar a instituição,
o que não é verdade. Isso não significa que não devamos zelar
pelas instituições das quais fazemos parte, orar pelos nossos
governantes, cuidar para que sejam saudáveis e para que portem-se de acordo
com a vontade de Deus. Mas uma coisa é amar outra é zelar, como
sempre disse meu pai, não devemos confundir rifle de caçar rolinha
com bife de caçarolinha.
Por amor
aos irmãos, quando vemos que decisões erradas estão sendo tomadas ou quando vemos que a Palavra não está sendo observada temos a
obrigação moral diante de Deus de levantar a voz e nos opor aos
erros, mesmo que internos. Penso que em dias em que se levantam muitos
anticristos, talvez esse seja o maior sinal de amor à Igreja.
E você, ama a sua
igreja?
O que você acha que é amar a igreja?
O que você acha que é amar a igreja?