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Crentes-antas de pelúcia |
A anta é um animal singular. Pertence a um grupo de
mamíferos que habita principalmente a América do Sul e possui parentesco com as
éguas e jumentos.
Passa cerca de metade do seu dia procurando alimento, saindo
inclusive à noite para pastar. Os machos marcam território urinando e ainda
possuem glândulas faciais que deixam rastros. Quando ameaçados mergulham na água ou se
escondem na mata. Emitem muitos sons, assobiam, guincham e bufam.
Por possuir pele muito grossa e ser pesada, ao galopar pela
mata a anta não desvia de nada, passa arrebentando com tudo o que tem pela
frente, como galhos e pequenas arvores. Se torna agressiva quando se vê acuada.
Há uma aplicação importante das características das antas
que podem ser recebidas como advertência para os cristãos.
Devemos fugir dos “crentes-antas”, isto é, aqueles que se
esquivam de todos estudos e debates teológicos, se enfornam em seus guetos
eclesiásticos e fogem de toda e qualquer crítica. Os crentes-antas só compartilham e curtem
posts que não entram em discussões teológicas e que não contenham críticas e
denúncias, porque não querem “queimar o filme” (para eles a reputação vale mais
que a Verdade).
Assim como a anta passa metade do dia buscando alimento, o
crente-anta passa a sua vida preocupado com o próprio umbigo, ou seja, em ter
uma boa imagem pública (ainda que para isso precise abdicar de algumas verdades
bíblicas). No caso da liderança, ou lideranta, preocupam-se principalmente com
crescimento numérico da igreja (ou será da conta bancária?) ainda que para isso
precise subverter o culto público em show gospel. Já ouvi, por exemplo, um
crente-anta dizer certa vez que presente pra pastor tem que ser dinheiro,
porque plaquinhas de homenagem não valem nada.
Os crentes-antas também marcam seu território, não com
urina, mas com algo igualmente fétido: a alienação. Ou seja, castram a
capacidade dos cristãos de avaliarem e criticarem o mundo e a igreja à luz da
Escritura, mantendo-os em seu curral e sugando-lhes com sua tromba peluda todos
os recursos possíveis ($).
Assim como a anta se esconde quando ameaçada, os
crentes-antas quando pressionados pelo mundo se fecham em seus círculos
sacerdotais para evitarem o confronto e críticas (porque as portas da igreja
não prevalecerão contra o inferno né?!).
Todavia, quando seus ensinos heréticos são questionados por
crentes de sua própria igreja, se sentem acuados e como não têm mais pra onde
correr, fazem novamente como as antas, que quando acuadas se tornam agressivas.
Começam a bufar e a guinchar, ou seja, de forma bastante irônica, criticam a
atitude de criticar, não aceitando para si nenhuma forma de disciplina ou
correção. Perseguem ferrenhamente os raros crentes que têm a disposição para
estudar a Bíblia, para ir à Congressos, para
fazerem cursos e frequentar grupos de estudos buscando conhecer o Senhor. Da
mesma forma como os fariseus fizeram com Cristo e os Católicos com os
reformadores, os crentes-antas acusam tais homens de soberbos e críticos que
devem ser evitados.
Outro hábito peculiar às antas e aos crentes-antas é que ao
caminhar passam por cima de tudo e de todos, pois têm a pele grossa imune às
críticas. Passam arrebentando com tudo o que encontram em seu caminho, sejam
verdades bíblicas, sejam os marcos antigos (Pv. 22:28), sejam resoluções do
Supremo Concílio (o presbiteriano que lê, entenda), sejam os críticos enviados pelo
Espírito Santo e, caso conseguissem, passariam por cima do próprio Deus.
Fujamos disso meus amigos! Vigiemos, oremos e ESTUDEMOS tudo
como os crentes de Beréia faziam:
“ora, estes de Beréia,
[...]receberam a palavra de Deus com
toda a avidez, EXAMINANDO AS ESCRITURAS todos os dias
para ver se as coisas eram de fato assim”. Atos 17:11
E que Deus nos transforme em gente que ouve, examina o que
ouviu, que estuda e, assim, viva
conforme a vontade de Deus, nos tornando pessoas mais parecidas com Jesus
Cristo.
“A respeito da
relação entre disciplina eclesiástica e disciplina doutrinária diga-se o
seguinte: não há disciplina eclesiástica se não houver disciplina
doutrinária. Não há, todavia, disciplina doutrinária que não leve à
disciplina eclesiástica. Essa separação de doutrina e conduta cristã é
impossível.” Dietrich Bonhoeffer (1906-1945)