por Leonardo Verona
Vivemos em tempos onde o culto público é prestado de
diversas maneiras. Em nome da diversidade, e da quantidade de guetos sociais,
as igrejas têm inventado “cultos” dos mais variados possíveis, palatáveis a
todos os gostos, pensamentos e taras.
Conheço igrejas que realizam diversos tipos de cultos:
cultos para os tradicionais (com hinos, órgão, coral, etc), cultos mais pentecostais
(com revelações, línguas estranhas, sapatinho de fogo e tudo que um bom culto
pentecostal tem a oferecer), e até mesmo um culto para os baladeiros de plantão
(com músicas eletrônicas gospel, gelo seco, danças, jogo de luzes, e tudo o que
uma boa balada pede, mas gospel né). Outro exemplo “inovador”, é de uma igreja
que chamou seus jovens para um culto denominado “louvai ou racha”. Estes são apenas alguns exemplos de como o culto
tem tomado diversas formas, conforme o gosto do freguês.
Mas, será que toda esta flexibilidade que os cultos têm
adquirido nas igrejas atuais está correta?
Penso que este fenômeno é reflexo da cosmovisão Pós-moderna.
A pós-modernidade, em geral, é caracterizada pela relativização da verdade, em
prol de um "pluralismo" de pensamento. É mais ou menos o seguinte, eu
tenho a minha verdade e você tem a sua. A única coisa que você não pode fazer é
questionar a "verdade" do outro para manter a boa convivência. E este
tipo de pensamento entrou em cheio nas igrejas, principalmente no culto.
Para agradar a esta pluralidade de gostos, as igrejas têm
inserido todo tipo de parafernália no culto, como danças litúrgicas,
coreografias (que fazem até inveja nos dançarinos de axé), celebridades gospel,
jogo de luzes e gelo seco. Além disso, para não quebrar a boa convivência, as
pregações já não confrontam ninguém. São sermões rasos, emotivos (com
musiquinha de fundo e tudo), cheio de piadinhas (humoristas que dão inveja ao
Zorra Total, o que não é muito difícil), e que muitas vezes começam na Bíblia
com um versículo isolado, depois o pegadores saem completamente do texto e não
voltam nunca mais.
Apesar desse tipo de culto agradar a maioria, ainda existem
aqueles que não gostam. E, para agradá-los, e “manter a paz”, são promovidos
diversos tipos de culto, como descrito nos exemplos acima. É preciso dizer
aqui, que nem toda divisão de cultos é ruim, como por exemplo, um culto de
jovens, mulheres, homens e crianças. O problema surge quando essa divisão
acontece baseada em gostos pessoais, caprichos ou taras dos “crentes”. Neste
modelo, o culto deixa de servir a Deus e passa a servir ao homem, deixa de ser
teocêntrico e passa a ser antropocêntrico. Assim, a criatura é louvada em
detrimento do Criador, o que caracteriza idolatria.
O meu medo é que em breve as igrejas caiam no misticismo
semântico, ou seja, realizem cultos que tenham apenas jargões “evangélicos”,
que utilizam palavras como Deus, Jesus, salvação e etc, mas que não pregam de
fato nenhuma destas coisas.
A Confissão de Fé de Westminster, em seu capítulo XXI,
inciso I, nos mostra de forma muito acertada o que Deus espera do culto: “A luz
da natureza mostra que há um Deus que tem domínio e soberania sobre tudo, que é
bom e faz bem a todos, e que, portanto, deve ser temido, amado, louvado,
invocado, crido e servido de todo o coração, de toda a alma e de toda a força;
mas o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo e
tão limitado pela sua vontade revelada, que não deve ser adorado segundo as
imaginações e invenções dos homens ou sugestões de Satanás nem sob qualquer
representação visível ou de qualquer outro modo não prescrito nas Santas
Escrituras.”
Devemos adorar a Deus em espírito, com todo o nosso ser, mas
também devemos adorá-lo em verdade, conforme a sua Palavra. Não devemos
especular aquilo que a Bíblia não proíbe expressamente e inserirmos todo tipo
de bizarrice no culto público, mas adotarmos como elementos de culto apenas
aquilo que a Bíblia ordena, seja por princípios, seja por mandamentos expressos.
Não é me surpreender que a igreja tem pendido para o esteticismo de seu culto justificado pelo evangelism de massa. A fraqueza teológica de muitos ministros facilita isto. Quando no Brasil os movimentos modernistas e posmoderniatas deram as caras pouco tempo depois começou a elaboração de movimentos transculturais que forçosamente levam as pessoas a agirem como se as Escrituras não fossem suficientes. O culto estético atende a demanda cultural das pessoas porque el também é resultado dessa transculturação sem limites. Aqui no Rio de Janeiro a Catedral Presbiteriana põe na caixa de som do monumento memorial a primeira ceia celebrada no Brasil Cassiane -
ResponderExcluir"Aqui na frente tem irmãos
Sendo batizados, dando glória
Ali no meio o fogo cai,
toda enfermidade não resiste e sai
Pelo Santo nome de Jesus"
Pra piorar e mexer com a identidade da igreja sempre tem um video clipe ou outro sendo gravado lá (confere - http://www.youtube.com/watch?v=NDh3V8PVERk) atendendo a essa demanda estética.
Cordiamnete, em Cristo
José Eduardo
Jóia Léo. Precisamos mesmo questionar essa tendência antropocêntrica do culto contemporâneo, sem exagerar para o tradicionalismo. Uma boa referência é o livro de John Frame sobre o assunto (pela Cultura Cristã).
ResponderExcluirabraços!
Muito obrigado Guilherme! Neste texto em específico não entrei na discussão de como deve ser o culto. Estou querendo escrever um texto assim, mas preciso de boas fontes bibliográficas para sustentar o meu argumento. Obrigado pela sugestão do livro, vou comprá-lo. Estou pensando em escrever mais ou menos nessa linha, vê se concorda comigo.
ResponderExcluirNo texto sobre como deve ser o Culto Público, vou defendê-lo não pela velha discussão, e que geralmente não leva a nada, do que permaneceu ou não das leis do AT no NT. Mas defenderei a partir da "lex creationis", e do princípio das esferas de soberania. Deus, estabeleceu leis para cada área da vida, vemos isso claramente em Gênesis 1, quando Ele decreta leis para o funcionamento do Universo, e as leis que ele prescreve a Moisés, bem como os diversos mandamentos contidos na Bíblia. Do mesmo jeito que não podemos quebrar a "lei da gravidade", não podemos também quebrar uma lei social, como na política, criando por exemplo uma anarquia. O resultado de uma anarquia não será uma nova forma de política, mas o caos proveniente do não seguimento das regras. Neste caso a regra não foi quebrada, já que a necessidade de uma organização política e jurídica permanece, é só observar o caos. Creio que podemos fazer o mesmo paralelo com o culto. Existem leis que regem o culto, e quando elas são pretensamente desrespeitadas, ela não é quebrada por isso, e não surge um novo tipo de culto, mas o que acontece é que desta forma, não estaremos realizando um culto. Vide os cultos que têm surgido por aí, não são cultos, mas shows! Outros são mais palestras de auto ajuda do que culto, e outros ainda uma conferência sobre finanças. Como afirma de forma muito acertada o Rev. Ludgero Bonilha, nós não quebramos a Lei de Deus, mas nós nos quebramos nela. Para descobrir quais são as leis do culto, bem sobre qualquer esfera da vida, devemos ter como base a Palavra de Deus, já que por nossa própria razão, devido aos efeitos noéticos da queda, não podemos interpretar a realidade de forma correta sem as Escrituras e a iluminação do Espírito Santo.
O acha Guilherme se eu seguir essa linha, e procurar nessas bibliografias princípios bíblicos que regem o culto, que faz o culto se tornar de fato culto?
Um abraço,
Leo
Uma ótima fonte, o livro de Augustus Nicodemus sobre o VERDADEIRO CULTO A DEUS, tem o estudo em 17 videos também!
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