Por André Storck
Alguns
dias atrás estava passeando por este blog quando me deparei com uma
crítica anônima ao texto que aborda o polêmico episódio do pastor
que atrai jovens para o Evangelho usando métodos nada ortodoxos como
cheirar a Bíblia, comê-la etc. A crítica embora um tanto quanto
infantil chamou minha atenção para um das mais sérias dificuldades
enfrentadas pelo povo de Deus atualmente, o anti-intelectualismo. (Para quem ainda não viu o texto:
http://cosmovisaocalvinista.blogspot.com.br/2012/08/cheirando-biblia.html
)
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A imagem vale para aqueles que insistem em permanecer na ignorância mesmo diante da luz da Palavra e do esclarecimento. Muitos chegam a se orgulhar da própria falta de conhecimento. |
No artigo o autor fez uma análise profunda e sensata sobre as raízes de um dos principais problemas da Igreja cristã nacional, qual seja, a evangelização que segue a pauta do hedonismo, ou trocando em miúdos, a busca pela satisfação das vontades, dos prazeres e das experiências extrassensoriais como gancho para atrair as pessoas para a igreja.
Não
obstante o brilhantismo do raciocínio ali exposto a sagaz e débil
crítica postada por um anônimo disse:
“Vai
evangelizar, meu filho! Jesus disse: Ide e Pregai o evangelho....Sai
desse computador e vai para as ruas, para o campo!Tem(sic) almas
sedentas, precisando de Jesus, Sabia?! Em vez de ficar criticando o
trabalho dos outros. Para com esse negócio de Calvino, Calvino, e
vai fazer o que Jesus mandou, em vez de seguir uma linha de
Pensamento humano, ou vc(sic) não concorda que Calvino era humano?
Tá(sic) parecendo idolatria! Temos que parar de(sic) disputas
evangélicas e viver a unidade! Vc(sic) sabe o que é Unidade do
corpo!”
Meus
irmãos, é triste perceber como anti-intelectualismo invadiu a
Igreja. Embora as Escrituras deem grande ênfase à importância do
conhecimento (ex vi
Ef. 1:17-18; 1Pe. 3:15-16; Pv. 1:4; Jo. 5:20; Jo. 17:3; Pv. 9:10;
1Co. 15:34 etc.) o liberalismo teológico acabou por tirar o gosto de
muitos cristãos pelo estudo. O pietismo também contribuiu para isso
ao afirmar - sem bases bíblicas - a maior importância das
experiências ditas espirituais do que o estudo e conhecimento da
Palavra de Deus.
O
anti-intelectualismo
é sobretudo decorrência de uma visão pragmatista do evangelho que
busca o crescimento numérico a qualquer custo e demonstra
hostilidade
em relação ao trabalho realizado pelos intelectuais, como educação,
pesquisa, crítica
social e cultura.
Passemos
a uma análise-resposta à crítica enviada e publicada no blog:
1º
Perceba que o crítico começa a escrever dizendo “Meu filho”. A
atitude de destratar o autor com um tom arrogante e superior é
típico dos pietistas que se acham espiritualmente mais evoluídos
que os demais crentes e, assim, podem acusar os irmãos que têm o
chamado para o estudo, ensino e o dom da sabedoria de serem frios e
afastados de Deus; estratégia antiga dos anti-intelectuais.
2º O crítico citou pela metade a grande comissão, somente a parte do "Ide Pregai o evangelho" exatamente a que os anti-intelectuais (pragmatistas por excelência) gostam. Mas cometeu um erro fatal, até o mais leigos sabem a continuação da missão dada por Cristo no mesmo versículo: "ENSINANDO-OS A GUARDAR TODAS AS COISAS QUE VOS TENHO DITO..." Foi omitida a parte da Grande Comissão que o autor do texto alvo da crítica está a cumprir: ensinar as pessoas a fazer o que Jesus realmente disse e fez. (Para constar não há registro de Cristo cheirando pergaminhos...)
3º O crítico acusa o escritor de não evangelizar. O esteriótipo formado pelo movimento do anti-intelectualismo tende a classificar todo o cristão que estuda como infértil. Assim, mesmo sem conhecer o autor, o crítico faz duras críticas e dá conselhos como se habilitado para tal fosse. Meus amigos, temos relatos que o próprio texto (Cheirando a Bíblia) foi um poderoso instrumento para que alguns professores universitários ateus percebessem que nem todo o evangélico partilha das mesmas sandices pregadas pelo cheirador de Bíblias e que possuem propostas interessantes para a sociedade.
2º O crítico citou pela metade a grande comissão, somente a parte do "Ide Pregai o evangelho" exatamente a que os anti-intelectuais (pragmatistas por excelência) gostam. Mas cometeu um erro fatal, até o mais leigos sabem a continuação da missão dada por Cristo no mesmo versículo: "ENSINANDO-OS A GUARDAR TODAS AS COISAS QUE VOS TENHO DITO..." Foi omitida a parte da Grande Comissão que o autor do texto alvo da crítica está a cumprir: ensinar as pessoas a fazer o que Jesus realmente disse e fez. (Para constar não há registro de Cristo cheirando pergaminhos...)
3º O crítico acusa o escritor de não evangelizar. O esteriótipo formado pelo movimento do anti-intelectualismo tende a classificar todo o cristão que estuda como infértil. Assim, mesmo sem conhecer o autor, o crítico faz duras críticas e dá conselhos como se habilitado para tal fosse. Meus amigos, temos relatos que o próprio texto (Cheirando a Bíblia) foi um poderoso instrumento para que alguns professores universitários ateus percebessem que nem todo o evangélico partilha das mesmas sandices pregadas pelo cheirador de Bíblias e que possuem propostas interessantes para a sociedade.
4º Outro erro pueril é que o crítico faz sérias críticas ao autor do texto porque este estaria criticando irmãos. (Critica a crítica!) Ou seja, o internauta anônimo cuspiu para o alto, olhou para cima e viu a saliva voltar para a própria testa. Pura hipocrisia.
5º O crítico se mostra irritado com as diversas citações de Calvino feitas no texto. Há apenas um problema com isso. O texto não falou nenhuma vez em Calvino (risos). Isso demonstra o natural desprezo que muitos evangélicos anti-intelectuais nutrem pelo pai intelectual da Reforma Protestante, João Calvino. Novamente em termos leigos e salivares, cospem no prato em que comeram.
6º Por fim, nosso crítico anônimo escreveu: "Para com esse negócio de Calvino" e depois ainda disse "vai fazer o que Jesus mandou". Se nosso crítico fosse um pouco mais bem informado saberia que quase tudo o que Calvino disse foi para obedecermos o que Jesus mandou. Calvino simplesmente sistematizou os ensinamentos contidos na Escritura. O crítico entrou em uma dantesca contradição porque se traduzirmos o comentário temos o seguinte: "para com esse negócio de fazer o que Jesus mandou (aquilo que o calvinismo busca) e vai fazer o que Jesus mandou".
Deus
nos salve de sermos anti-intelectuais, de praticarmos e escrevermos
bizarrices como essa na Igreja e no Mundo. Melhor era ter ficado
cheirando a Bíblia, num Evangelho que parece funcionar, mas que ao
final é caminho de morte.
OSEIAS 4:6 - "Meu povo foi destruído por falta de conhecimento. Uma vez que vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os rejeito como meus sacerdotes; uma vez que vocês ignoraram a lei do seu Deus, eu também ignorarei seus filhos."
Eu preciso ser franco com você; o maior perigo que confronta o cristianismo
Eu preciso ser franco com você; o maior perigo que confronta o cristianismo
evangélico
norte-americano é o antiintelectualismo. A mente, em seu maior e
mais
profundo alcance não é guardada o suficiente. Mas a educação
intelectual
não
pode tomar espaço à parte de uma profunda imersão por um período
de
anos
na história do pensamento e do espírito. Pessoas que estão com
pressa
para
sair da universidade e começar a ganhar dinheiro ou servir a igreja
ou
pregar
o Evangelho, não têm idéia do valor infinito de se dispensar anos
de
prazer
conversando com as maiores mentes e almas do passado,
amadurecendo,
aprimorando e ampliando a sua capacidade de discernimento.
O
resultado é que a arena do pensamento criativo é renunciada e
abdicada em
favor
do inimigo. Quem entre os evangélicos pode se manter firme perante
os
maiores
acadêmicos seculares em seus próprios campos de conhecimento?
Quem
entre os acadêmicos evangélicos é citado como uma fonte normativa
pelas
maiores autoridades seculares no campo da história, filosofia,
psicologia,
sociologia
ou política? … Em favor de uma maior eficácia no testemunho de
Jesus
Cristo, tal como para os seus próprios fins, os evangélicos não
podem se
permitir
viver na periferia da existência intelectual responsável.
Charles
Malik – embaixador da ONU e filósofo.
Gostei muito do texto, e me deparo com isso diversas vezes durante minha vida, pessoas que dizem quem o calvinismo não é tão importante, pessoas que negam ismos... Certa vez, a pouco tempo, uma amiga me disse que ela não seguia nenhum ismo... Seguia seu proprio ismo... Qual perigoso é esse trajeto!
ResponderExcluirComo disse para ela, caminhar de acordo com seus proprios ismos, é como andar de forma cega, sem uma direção em si correta, sendo que você pode ser guiado por pessoas que já se dispuseram de ler, estudar, trabalhar e acima de tudo, orar muito para saber a vontade do Pai...
Apenas não gostei da forma com que abordaram o sexto ponto, não creio que TUDO que Calvino tenha falado ou argumentado seja plenamente a bíblia, ou (sendo mais exagerado) esteja totalmente correto pois ele era um homem falho assim como eu e você, APENAS, e somente a bíblia contem toda verdade e ele pode ter interpretado algumas coisas com erros...
mas acima de tudo creio que Deus o tenha inspirado e capacitado (bem como as outras pessoas antes e posteriormente que fizeram parte da reforma) para que ele trouxesse renovo para seu povo...
De minha experiência pessoal, fui católico e estudei muito para conhecer sobre Deus. Isso não me transformou. Continuei o mesmo.
ResponderExcluirIsso me lembra os fariseus e escribas: eles conheciam muito!
O conhecimento era seu Deus, como também era o meu...
Mas então, Deus me deu vida em Cristo Jesus, e meu coração foi transformado, e meus olhos abertos! Meu Deus se tornou o Senhor da minha vida e, com esta perspectiva, o conhecimento não mais foi o meu Deus, mas se tornou servo, para me levar ao meu Deus. E foi o conhecimento que me firmou nEle, por meio do Espírito.
Ao longo do tempo, tenho visto muitos se achegarem a Cristo. Alguns, pouco tempo depois, abandonaram... Isso costuma me lembrar da parábola do semeador, principalmente a semente que caiu em terreno pedregoso. Não tinha raiz profunda e, ao vir o sol, queimou as plantas e elas secaram e morreram.
Sem entendimento, só com emoção, como seria possível resistir em tempos de aflição? O coração é enganoso, mais do que todas as coisas, e as emoções que sentimos costumam ser como uma montanha russa. Assim, há momentos em que é impossível confiar em Deus apenas pelo que se sente, mas ainda é possível pelo que Ele disse.
Quando Jesus disse: "No mundo tereis tribulações", como alguém puramente emocional pode lidar com elas?
Amados,
ResponderExcluirEndendo que há muitos pregadores que ainda não entenderam que o Pastor é Mestre e o Mestre é Pastor, não há um sem o outro.
Falamos aos quatro ventos que devemos dar o melhor para Deus (Guitarra de marca, bateria com um milhão de acessórios, teclado, termo de marca, gravata de seda, cadeiras macias, etc.) mas oferecemos a Deus uma palavra sem qualidade, sem o minimo de estudo e reflexão.
É comum ouvirmos Pastores e demais pregadores falarem que no caminho da Igreja ou ao chegarem na Igreja o Espirito Santo lhes revelou todo o sermão. Não há compromisso com a palavra declarada.
Portanto entendo que a frase deveria ser "para com esse negócio de fazer o que Jesus mandou (calvinismo) e vai fazer o que EU ACHO QUE Jesus mandou".
Somos poucos compromissados com a verdadeira Palavra de Deus, mas a nossa forma é grande. Não vamos e não podemos parar!!!
Amém
PETER AQUINO - BRASILIA
Muito bom o post e retrata bem a realidade de muitos círculos evangelicais. Entretanto é bom pensarmos também nesse outro extremo: 'o intelectualismo' em detrimento da piedade. concordo com o crítico anônimo quando diz que muitas vezes nós calvinistas perdemos tempo criticando e em estudos que não nos leva a uma espiritualidade ensinada pelo Senhor Jesus e vivida pelos apóstolos e que tem sido marca dos reformadores de verdade, homens que tinham a boa teologia e que a viviam em casa como bons maridos, excelentes pais, filhos obedientes e que de fato se importavam e se comprometiam com a evangelização; coisas que muitos de nós calvinistas atuais têm deixado de lado, a ponto de lêr um ou dois livros de teologia e pensarmos que somos os calvinos do sec. XXI e que nem se parecem com os calvinistas do passado, pois sabemos falar apenas de Predestinação x livre arbítrio, cinco pontos do calvinismo, decretos e pensar que nossos maiores inimigos são os arminianos. Precisamos ter um equilibrio sadio e Biblico de nossa fé cristã.
ResponderExcluirOlá Leonardo Kunrath, o texto expõe apenas o problema do anti-intelectualismo presente na igreja evangélica brasileira. O que é um fato indiscutível.
ResponderExcluirO texto não aborda a questão da necessidade de atuação do Espírito Santo no coração do crente para efetuar a obra salvadora. O que também é fato indiscutível.
Não discordo do que você disse, apenas não é o tema do texto.
O tema do texto é: o cristão precisa conhecer e buscar o conhecimento sobre Deus, o que inclui toda a realidade criada.
Graça e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo. Porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento.
1 Coríntios 1:3-5
Veja também: http://cosmovisaocalvinista.blogspot.com.br/2012/09/citacoes.html
Att.
Andre Storck
Relacionar a falta de intelectualidade dos "cristãos razoáveis na fé" com a imagem de um jumento lendo a Bíblia. Será que ele lembrou que o homem é a obra prima de Deus? Seria isso que alguém cheio do Espírito Santo faria? Esse é a minha duvida e não faço parte das denominadas Neopentecostais.
ResponderExcluirMuito intelectualismo (certamente esse pode ser o seu deus, ou um dentre eles) e pouco amor ao próximo. Se houver amor deve ser para aliviar a consciência. Isso que aparenta. Só se ama ao próximo quando se ama a Deus primeiramente. Não se dá amor se antes receber por regra.
Ir evangelizar nas ruas certamente ensinaria a amar. A prática do amor. Seria mais proveitoso do que aprimorar o intelectualismo vazio ,que busca o prazer próprio em escrever. Hedonismo seria isso?
Já falou do amor de Jesus a alguém essa semana ou pelo menos esse ano? Se você não ama ao próximo o legalismo acaba sendo a sua diretriz. Por regra ela mesmo ti condena. Hipócrita!? Viva o evangelho da cruz! Aliás, já tomou a sua cruz hoje e seguiu a Cristo?
Anti-intelectualismo cheira mal, mas a arrogância fede!
Esse é uma critica sobre sua critica! Agradável? Será que consegue perceber algo em você que precisa ser mudado? Essa pode ser uma boa oportunidade. Nós convém diminuir para Cristo cresça em nós. Lembre-se! Menos de nós e mais dEle e Ele é amor!
Obs: Oseias 5.6 está falando diretamente aos líderes, os sacerdotes, e não com o povo que possui muito menos conhecimento.
Boa noite anônimo. Vejo que está de volta. Deus te abençoe.
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