O Brasil é
mundialmente conhecido como o país morada de um povo amigável e simpático.
Mas o que parecia ser um ponto positivo em nosso favor tem sido usado a cada
dia para alimentar uma terrível falha de caráter.
Não é de hoje
que observamos homens ascenderem como lideranças porque são simpáticos e "amigos" de outros detentores do poder, apesar de absoluta incompetência para gerir a coisa pública ou realizar a função para a qual foram designados. Os casos de corrupção, incompetência e desvio de poder ao invés de serem
investigados em favor da verdade e da moralidade são varridos para debaixo dos
tapetes para proteger os "da casa" e "apadrinhados", ou simplesmente para não parecer deselegante com o colega.
Em uma conversa informal com dois estudantes da Suécia em intercâmbio no Brasil constatei que, de fato, essa
fama negativa é patente e já se espalhou, eles observaram sem dificuldades – em
menos de 2 meses de intercâmbio - como no Brasil tudo se consegue por meio de
conchavos, cochichos ao pé do ouvido e tapinhas nas costas. Essa cultura não vem de Brasília,
mas está presente em cada casa, família, associação, clube e igreja do país, o que vemos no Congresso é apenas o
reflexo.
Um dos casos
que mais me chamou atenção foi a prisão do governador do Distrito Federal, José
Roberto Arruda. Muito embora ele tenha sido filmado recebendo o dinheiro da
propina, e o esquema de corrupção em que estava envolvido fosse mais claro que
sol ao meio dia, havia dezenas, senão centenas, de partidários gritando palavras
de ordem em seu favor na frente do prédio da Justiça no Distrito Federal no dia da prisão. Qual o critério
usado para este tipo de apoio senão o partidarismo absolutamente cego? A Câmara do Distrito
Federal que devia fiscalizar resolveu que não iria sequer investigar, por quê? Por puro corporativismo, os amigos do Governador eram maioria lá.
Vivemos numa sórdida tradição política de proteger um "amigo" mesmo à custa da ética, do profissionalismo e da justiça. Em verdade o próprio conceito de amizade está corrompido. Todo mundo é amigo até o dia em que apontar um erro ainda que em crítica construtiva. O delator do famoso mensalão, Deputado Roberto Jefferson era "amigo" até que resolveu denunciar o escândalo no qual estava envolvido. Essa falsa amizade se faz sempre por interesse, seja para manter um cargo ou simplesmente para não se sentir sozinho ou com poucos amigos. O interesse pessoal sempre está na frente.
Vivemos numa sórdida tradição política de proteger um "amigo" mesmo à custa da ética, do profissionalismo e da justiça. Em verdade o próprio conceito de amizade está corrompido. Todo mundo é amigo até o dia em que apontar um erro ainda que em crítica construtiva. O delator do famoso mensalão, Deputado Roberto Jefferson era "amigo" até que resolveu denunciar o escândalo no qual estava envolvido. Essa falsa amizade se faz sempre por interesse, seja para manter um cargo ou simplesmente para não se sentir sozinho ou com poucos amigos. O interesse pessoal sempre está na frente.
O corporativismo está disseminado. O Conselho Regional de Medicina que devia investigar o médico que matava pacientes, se omite para proteger o colega. O Conselho da OAB que devia investigar o advogado que sumiu com o dinheiro da viúva não faz nada porque o ladrão “é de casa, é da família” e assim vamos.
No Brasil a
lei só vale para o outro, como dizia o antigo provérbio: “aos amigos tudo, aos
inimigos, a lei.” Ou seja, diante dos erros e corrupção dos “meus chegados” não
faço nada e não deixo que ninguém faça. No máximo dou uma “ajeitada” porque "dos
meus amigos cuido eu". A justiça não se aplica aos do meu círculo, serve somente
para os de fora. Um exemplo atual é a posição do governo federal de
não permitir sequer uma investigação sobre o escândalo da Petrobrás, pois os
líderes do partido e seus amigos é que estavam no controle da estatal. Não
importa se bilhões de reais suados do povo brasileiro foram perdidos, o que
importa é manter a camaradagem.
A podridão do Poder contamina de tal forma os grupos dominantes que a partir de um certo ponto, quando todos já estão com o “rabo preso” ninguém é capaz de exigir uma postura mais honesta e justa. Vejam, por exemplo, os condenados pelo mensalão: antes de irem para a cadeia estavam ocupando cadeiras na mais importante comissão da Câmara dos Deputados: a comissão de constituição e justiça. Nenhum dos 513 deputados federais ousou levantar o dedo e apontar o erro, tudo em prol de manter a “amizade política” e não “se sujar”. A união é o valor que corrompidamente é eleito para se manter em primeiro lugar.
Enquanto isso, os bilhões desviados em corrupção no país vão matando milhares de cidadãos desamparados diante de uma violência endêmica, saúde em péssimo estado e com a miséria.
Os políticos
são eleitos porque são presidente/jogador do meu clube de futebol, pastor da
minha igreja, ator de televisão etc. E a observação da Deputada carioca Cidinha
Campos vai se confirmando a cada dia: “quanto
mais simpático, mais corrupto”.
Sabemos, diante da perspectiva bíblica, que a corrupção está no nosso código genético, ou seja, faz parte da natureza humana contaminada pelo pecado. E, assim, deixo claro que não faço aqui apologia a nenhuma ideologia partidária, apesar da escolha das imagens que ilustram o artigo. Não há partido que salve, PT, PSDB, PMDB e muito menos o PSOL (rs), todos são compostos de homens, por definição atingidos pela queda adâmica.
Sabemos, diante da perspectiva bíblica, que a corrupção está no nosso código genético, ou seja, faz parte da natureza humana contaminada pelo pecado. E, assim, deixo claro que não faço aqui apologia a nenhuma ideologia partidária, apesar da escolha das imagens que ilustram o artigo. Não há partido que salve, PT, PSDB, PMDB e muito menos o PSOL (rs), todos são compostos de homens, por definição atingidos pela queda adâmica.
Nós cristãos
reformados precisamos nos policiar. Estamos constantemente submetidos à
tentação de abrirmos mão do que é certo, justo e agradável perante Deus para
atender à nossa necessidade de sermos aceitos pelo grupo em que estamos.
Os valores de sua fé influenciam suas decisões quando tomadas em relação aos seus amigos? Ou você possui dois pesos e duas medidas? Lembro-me de certa vez em que um pastor protestante comentou de forma veemente que considerava desequilibrado um seminarista que chora ao ver a prática de uma heresia (o seminarista não era um dos apadrinhados dele). Pouco tempo depois o mesmo pastor irrompeu em choro como de uma criança, quando um dos seus "amigos" teve de ser disciplinado na igreja.
Os valores de sua fé influenciam suas decisões quando tomadas em relação aos seus amigos? Ou você possui dois pesos e duas medidas? Lembro-me de certa vez em que um pastor protestante comentou de forma veemente que considerava desequilibrado um seminarista que chora ao ver a prática de uma heresia (o seminarista não era um dos apadrinhados dele). Pouco tempo depois o mesmo pastor irrompeu em choro como de uma criança, quando um dos seus "amigos" teve de ser disciplinado na igreja.
Diante desse cenário, para fazer o
que é agradável a Deus, podemos cultivar amizades éticas. São amizades nas quais
todos os aspectos e esferas da vida são respeitadas, inclusive a justiça. Precisamos lutar para romper com essa cultura corporativista, a começar pelo nosso círculo
de amizade. Um verdadeiro amigo se reconhece exatamente quando no trabalho, na
família, na escola e em qualquer outro lugar lhe mostra e te ajuda a corrigir
os seus erros e dificuldades. De fato é um desafio, pois nossa tendência natural é à corrupção de abrirmos mão de fazer o certo para proteger a quem gostamos.
Devemos cultivar ao nosso lado amigos que sabem que não podem contar conosco para praticar ou omitir injustiças.
Por outro lado, também devemos reconhecer que cometemos falhas e, assim, seremos duplamente recompensados com
amigos honestos que nos apontem os erros e se recusam a darem voto de
aprovação.
Assim como os puritanos buscavam a santidade em todos os aspectos da vida, nós devemos prezar pela santificação de nossas relações interpessoais de modo a primar pela justiça e retidão.
Assim como os puritanos buscavam a santidade em todos os aspectos da vida, nós devemos prezar pela santificação de nossas relações interpessoais de modo a primar pela justiça e retidão.
Que essa proposta possa nos inspirar não somente no ano novo e nas eleições que estão por vir - para votarmos em homens comprometidos com a ética, honestidade e justiça doa a quem doer -, mas que também nos inspire pessoalmente para mudar aos poucos nossa postura individual e semear amizades éticas e saudáveis
que serão refletidas, quem sabe um dia, nas estruturas de poder da nossa
sociedade.
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