Por Yuri Fernandes
O maior erro que um evangélico pode cometer hoje em dia é deixar de ser
católico. Calma, não se assuste com essa informação – este está longe de ser um
texto a favor do catolicismo romano. Antes, pretendo abordar como a Reforma
Protestante confirma o fato de que nossa fé é católica
.
Não precisamos ficar confusos. A palavra católico tem raiz no grego e significa universal. Logo, ser
reformado é ser da igreja universal – não, não estamos falando daquela igreja do
coraçãozinho com a pomba dentro. Brincadeiras à parte, quando falamos de uma
igreja católica, ou universal, estamos falando do fato de que toda a comunidade
de redimidos de Cristo do passado, do presente e do futuro fazem parte dessa
igreja.
Como é sabido, os reformadores nunca quiseram fundar novas denominações,
tanto que o nome do movimento ficou conhecido como Reforma. Foi o Catolicismo
Romano, inflexível a esse espírito, que gerou essa consequência. O fato é que a
grande crítica dos reformadores não se baseava em o catolicismo romano ser
católico de mais, mas porque era católico de menos. Explico: uma vez que o
elemento “Roma” passa a dar identidade para a igreja, esta já deixou de ser
católica. Logo, ela é católica de menos porque é romana demais.
Os romanistas atacaram os reformados por abandonarem a tradição da
igreja. Mas a questão é que quem de fato se afastou da tradição pura da igreja
foram os romanistas! Não foi esse o argumento de Calvino, quando escreveu ao
rei Francisco I sobre as acusações de que os reformados desprezavam o conteúdo
dos patrísticos, os pais da igreja? Veja só:
Então, contra nós investem com ímpios brados
como sendo nós desprezadores e inimigos dos patrísticos. Nós, porém, tão longe
estamos de desprezá-los que, se fosse esse nosso presente propósito, de nenhuma
dificuldade me seria possível comprovar-lhes com as próprias opiniões a maior
parte daquilo que estamos hoje afirmando. (CALVINO, p. 31)
Ora, Calvino sabia que a Igreja existia antes dele. E existia antes do
romanismo. Dessa forma, o objetivo dele não era desprezar todo o conhecimento
que grandes homens do passado legaram à igreja, mas, antes, retornar à Ele! É
por isso que podemos bradar em alta voz: ser reformado é ser católico!
Porque ser católico é crer nas Escrituras como nossa única base de fé.
Ser católico é crer que essa Escritura nos conta uma história de redenção da
humanidade e que converge para Cristo. Ser católico é crer que esse Cristo pode
nos salvar dos nossos pecados. Ser católico é crer que essa salvação é
disponível apenas pela graça e somente pela fé. Ser católico é crer que toda a
nossa vida nesse mundo é um imenso palco para a glória de Deus!
Nesse sentido, ser católico é crer nos 5 solas. É também crer no credo apostólico como um resumo da nossa
fé. É olhar para o passado e perceber a miríade de credos, confissões,
catecismos que mesmo falíveis nos foram deixados pelos santos de Deus que passaram
nesse mundo. Porque a fé cristã não é minha: é nossa. Só é possível ser cristão
no seio da comunidade que existia antes de você e que vai continuar existindo
depois de você, e com você na eternidade.
Em tempos onde os evangélicos acham que catecismo é coisa de católico e
que o credo é a prece que os católicos usam para espantar mau-olhado (de fato alguns
o usam assim), é difícil resgatar essa unidade. É ainda mais difícil viver essa
unidade em tempos de igrejas que se descambam para heresias, negando a
trindade, tornando-se sabatistas, vendendo o dom da salvação. Essas seitas
assim o fazem por terem esquecido a verdade católica da Igreja. Contudo, isso é
algo fundamental. Precisamos resgatar nossa herança histórica. Precisamos ser
mais católicos.
Referências.
CALVINO, João. Institutas da Religião Cristã. Edição clássica. Ed.
Cultura Cristã.
Excepcional!
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